Frases de Sílvio Santos

sábado, 21 de agosto de 2010

Diretor de beijo gay eleitoral diz que não queria chocar

A cena gay exibida no programa do PSOL recebeu críticas até do responsável pelo primeiro beijo entre homens da TV brasileira

Cena exibida no programa eleitoral do PSOL em São Paulo no último dia 18, onde dois rapazes se beijam durante peça publicitária que simboliza a diversidade

Alvo de críticas de diversas lideranças religiosas e de políticos conservadores, o diretor do programa do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que exibiu um beijo gay entre dois jovens durante o horário eleitoral, afirma que não teve a intenção de causar polêmica ou escandalizar as famílias brasileiras com o filme. Arquiteto e diretor de peças publicitárias do PSOL desde 2008, Pedro Ekman diz que se surpreendeu com o tamanho da polêmica causada pelo filme, mesmo avaliando que a peça geraria reações.

“Apesar da política ainda ser conservadora, nós temos a maior Parada Gay do mundo e já deveríamos estar acostumado com essas cenas”, diz o diretor. “Qualquer um que anda pelas ruas da cidade ou vê telejornal já se deparou com dois homens de mãos dadas ou trocando um beijo”, completa.

Segundo Ekman, a discussão é fruto de uma sociedade ainda conservadora, que se recusa a tratar os temas que já fazem parte dos dia-a-dia do País. O diretor defende que o horário eleitoral represente toda a diversidade social do Brasil e marca posição sobre as reais discussões do cotidiano. “A eleição existe justamente porque não existem consensos totais da sociedade. É justamente uma disputa de projetos e visões de mundo", argumenta. "O que tem acontecido muito nas campanhas é que as propostas são muito pasteurizadas. Os candidatos ficam discutindo nuances. As propostas de fato não aparecem, porque há divergências muito grandes. Existe um consenso dos marqueiteiros que se você entra em questões muito divergentes, você diminui suas possibilidades eleitorais”, explica o diretor.

O candidato Paulo Búfalo, do PSOL, que autorizou a exibição da peça durante o seu horário eleitoral, diz que as pessoas deveriam se chocar não apenas com as demonstrações de carinho, mas com a violência e o preconceito contra grupos étnicos ou sexuais, diariamente expostas nos telejornais. “Nós avaliamos que as demonstrações de carinho precisam sem mostradas. São manifestações legítimas e mostra que o Estado precisa ter políticas públicas para isso. Esse debate não aparece nas campanhas por conta de um forte conservadorismo vigente", diz ele. "Não posso querer governar um Estado apenas em virtude dos princípios religiosos ou puramente ideológicos. O Estado precisa ser laico, precisa ser democrático. Precisa combater a homofobia nas suas políticas”, rebate Búfalo.

Diversidade

Pedro Ekman afirma que a intenção do PSOL não foi chocar ou escandalizar, mas mostrar a diversidade, que é o tema central do programa exibido no último dia 18 no horário eleitoral. “No filme aparecem negros, japoneses e ruivas. Mulheres, crianças, gays, gente magra e gorda. A questão homossexual é apenas uma das faces que compõem o filme e o partido”, explica o diretor.

Apesar da proposta da campanha ter sido a de celebrar a diversidade, Ekman assume que a polêmica foi absolutamente calculada pela coordenação do PSOL paulista. “Não é uma peça ingênua. Não foi a intenção central causar polêmica, mas também não foi totalmente despretensiosa. A construção é uma construção honesta. Como o partido é um espaço para a diversidade, isso é pra valer. Não é no meio do caminho. Por isso o PSOL revolveu bancar a exibição do programa”, conta ele.

O diretor também nega que a intenção da campanha tenha sido a de atrair a atenção do público gay, conquistando os votos dessa parcela significativa do eleitorado, que segundo o censo de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) somam mais de 12,6 milhões no Brasil. Segundo ele, funciona pouco a ideia de que corintiano vota em corintiano, gay vota em gay, branco vota em branco. "Não existe uma transferência automática de votos porque você afirmou uma bandeira que não é só sua. A sociedade já conseguiu se politizar para não ficar numa coisa tão segmentada. Se boa parte desse setor tiver prestado atenção no partido já foi uma grande vitória. Se eles se sentirem identificados com isso já será uma segunda grande vitória”, defende Ekman.

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